Uva branca da Úmbria

Trebbiano Spoletino desafia tradição e supera Sagrantino em Montefalco

Antes ameaçada de extinção, Trebbiano Spoletino ganha força na Úmbria e supera Sagrantino em vendas

Imagem Trebbiano Spoletino desafia tradição e supera Sagrantino em Montefalco

por Redação

Após décadas concentrando esforços em domar os taninos do Sagrantino, principal uva tinta da região de Montefalco, viticultores italianos começam a voltar seus olhos para uma variedade branca até então negligenciada: a Trebbiano Spoletino. Redescoberta nos anos 2000 pela Cantina Novelli, a uva foi resgatada da extinção e vem ganhando protagonismo entre consumidores e produtores.

Embora compartilhe o nome “Trebbiano” com outras castas italianas – como a neutra e amplamente cultivada Trebbiano Toscano, usada na base do Cognac francês –, análises genéticas mostram que Trebbiano Spoletino não possui relação direta com essas variedades. Sua identidade própria tem se revelado uma vantagem competitiva.

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Segundo a publicação especializada Wine-Searcher, trata-se de uma uva de personalidade marcada: corpo estruturado, acidez equilibrada, mineralidade evidente e notas aromáticas que podem incluir erva-doce, capim-limão e pera madura. Seu perfil lembra vinhos brancos do Rhône, porém com maior frescor, atribuído ao terroir da Úmbria.

Nos últimos anos, o número de vinícolas apostando na Trebbiano Spoletino aumentou, assim como a qualidade das produções. Um dos exemplos mais expressivos vem da cooperativa Terre de Trinci, uma das maiores da região, com 40 mil caixas por ano. Seu rótulo de Trebbiano Spoletino superou, em 2024, as vendas do próprio Sagrantino nos principais mercados, incluindo os Estados Unidos.

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Apesar do crescimento, entraves legais dificultam a expansão da uva. Por regras de denominação, somente vinhos produzidos dentro da área de Spoleto podem usar o nome “Trebbiano Spoletino” no rótulo, mesmo que a uva tenha sido cultivada na região. Produtores fora dos limites administrativos recorrem a nomes genéricos como “Umbria Bianco” ou “Umbria Trebbiano”, o que pode confundir o consumidor.

Algumas vinícolas também têm testado práticas como fermentação com cascas (skin contact) e estágio em barrica, buscando complexidade e potencial de guarda. No entanto, críticos e especialistas apontam que a Trebbiano Spoletino já oferece intensidade e frescor suficientes, e que intervenções excessivas podem mascarar sua expressão natural.

Propriedades familiares como Tenuta di Saragano e Bocale di Valenti têm apostado em colheitas tardias, o que vem sendo facilitado pelas mudanças climáticas. Os resultados mais recentes indicam que a uva, até pouco tempo quase extinta, pode não apenas dividir espaço com o Sagrantino, mas liderar a nova identidade dos brancos de Montefalco.

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